25 de dezembro de 2010

"Caso do Bispo": a postura do povo ou dos parlamentares?


O problema central é que a Revolução dos Bichos é real
Se fosse a "revolução dos bicho grilos", seria mais legal
Ter uma visão ampla, holistica, 360 graus, atual, precisa de esforço

"Prá lamentar": a postura do povo ou dos parlamentares?


O exemplo de Dom Manuel Edmilson da Cruz

Por Maurizzio Canali *

Creio que o que é pra lamentar é a atitude de omissão de nosso povo frente à política e esta postura vitimizada como se fóssemos reféns de quem, em última instância, são nossos empregados e nos representam no Senado e nas Camaras. 

Quem deu poder a estes empregados de votarem seus próprios salários fomos nós (digo nós, embora saiba que uma pequena parcela vota conscientemente, outra vende seus votos, e outra é simplesmente e ingenuamente arrastada pela mídia e troca seu voto por "miçangas, espelhos e tudo o que pareça brilhar"); quem colocou pessoas sem preparo ético para o cargo fomos nós; quem não exige um diploma de formação superior, mestrado ou doutorado, coisa que seria exigida em qualquer empresa mediana para um cargo desta responsabilidade somos nós(*); quem coloca palhaços, poposudas acéfalas e analfabetos para votarem temas e leis complexas que afetam não somente o nosso país, mas o mundo somos nós; quem posa de vítima e depois se cala, somos nós; quem se porta como mulher subserviente à vontade do marido, resmungando pelos cantos, fazendo pequenos protestos, como este, mas no final aceitando a situação, ao invés de levá-la às últimas consequências, somos nós... os irresponsáveis somos nós. Os babacas somos nós. Então por quê protestar contra o aumento de salários dos parlamentares por eles mesmos? É um preço que diria até promocional por tanta omissão e/ou irresponsabilidade social.

Onde está aquele entusiasmo que vi antes das eleições e que colocou um presidente e seu séquito no poder? As rosas murcharam antes mesmo de desabrochar? Antes mesmo de seu Governo começar/continuar oficialmente?

Creio que a maior parte do eleitorado esteja feliz com os fatos, uma vez que são responsáveis por eles, e somente uns poucos estejam descontentes, pois a turba eleita, de palhaços, mulheres melancias, cantores sertanejos e filhos de políticos, representa, sim, os anseios populares e refletem perfeitamente a vontade do povo.
Porém, se me engano, e não representam o povo e suas aspirações, este mesmo "povo" (e o que é o povo especificamente? ) que se faça presente e aprenda a votar, porque esta postura de "mulher que gosta de apanhar"que observo ao longo da história é lamentável! Reclama, reclama, engole mensalões, apagões, impunidade, e se cala, fazendo piada do passado, e se consola achando que "poderia ter sido pior" ou que "rouba, mas pelo menos faz". E quem estar no poder sabe disto e sequer presta atenção aos protestos.

Não falo de golpes ou de violência, mas de uma revolução interna, de uma chamada, a si mesmo e de cada um de nós, de responsabilidade e compromisso como o próximo e com o legado para os próprios filhos.
A medida em que cada um se posicione, que a população se organize pacificamente e dentro legalmente permitido, respeitados, assim, às leis e o próximo, e acima de tudo à Constituição Federal, podemos promover um movimento de mudança não especificamente a mudança que eu quero, mas aquela que respeita a ecologia do coletivo.
A principal luta não é contra "eles", o verdadeiro inimigo está dentro de cada um de nós e é a ignorância, omissão e descrença, e isto se observa claramente: as pessoas no poder mudam, mas o comportamento é o mesmo. O problema não são as pessoas em si, mas o tipo "psicológico" que insistimos em manter no poder, perpetuando esta situação de "país do futuro". Esta na hora de mudar isto! O momento é agora! Exija uma nova postura de nossos representantes, chega de país do futuro, queremos o PAÍS DO PRESENTE!

E diria mais: sejamos os protagonistas. Depender do poder para promover as mudanças que todos esperamos é construir castelos com areia e muito próximo ao mar... quimera... miragens. Deixemos e façamos das lideranças políticas um coadjuvante, importante sim, mas num segundo plano, como um apoio necessário e realmente um suporte, e não como tem sido até agora, onde o país cresce "apesar do poder", e efetivamente coloquemos a iniciativa individual e privada como protagonistas deste "país do presente". Todo o Poder está aqui e agora!


Enquanto alimentarmos os valores espirituais da "Babilônia", a
humanidade não terá um futuro saudável e sustentável


Um exemplo de iniciativa individual

A atitude do bispo de Limoeiro do Norte - CE, Dom Manuel Edmílson, representa o tipo de atitude a que me refiro. Abrindo mão de toda vaidade, de todo o ego, não se permitiu ser comprado por "miçangas e espelhos", não se deixou agredir em seus princípios éticos ou pelo caminho mais fácil da adulação.
Abriu mão de prestígios e com certeza será criticado mesmo por seus companheiros e pela própria instituição da qual faz parte. Mas, intimamente, ele sabe que faz parte mas não é a instituição e nem o papel que representa nela, como Bispo. Do ponto onde se percebe como uma Eu Maior e consciente de uma ética humana e coletiva, não se permite a agressão de compactuar com o comportamento inconsciente dos "pralamentares" , como ele os chama.
Deve respeitar a cada um, mas entende que o comportamento é uma coisa e a pessoa (individualidade) é outra. E com reflexão e tomada de consciência, comportamentos, vícios e hábitos, podem mudar.

Pode-se dizer, como li, que "ele representa a indignação dos trabalhadores brasileiros, dos que têm sensiblidade humana e consciência de justiça. Pois, na verdade, esse aumento dos parlamentares e do executivo é uma vergonha nacional, um escândalo, uma imoralidade, um desrespeito aos direitos humanos.
Seria bom que todo o povo brasileiro seguisse o exemplo de Dom Manuel Edmílson e protestasse veementemente contra essa coisa vergonhosa". E diria mais: expressasse sua indignação com um ato concreto, um ato mensurável, como o dele, e não simplesmente resmungos e cochichos.

MAURIZZIO CANALI::
www.maurizziocanali .com

Maurizzio Canali é Master Practitioner em PNL, Coach Pessoal e Designer de Vida, Yoga Coach, Personal Yoga Trainer e articulista. Bacharel em Comunicação Social e Designer Gráfico — editorial e web — com diversas extensões e formações em Yoga, Coach e PNL. Espiritualista, pensador e místico focado nas questões universais e em todos os valores que envolvam a melhoria do planeta, a elevação do nível de consciência, a autorrealização e promovam a fraternidade e as corretas relações entre os homens.

(*) Sobre a formação: como pode ser plausível e aceitável que um político não conheça nem onde ficam os estados do país que administra? Será que sabem que a terra é redonda? De que elementos ou conhecimento vocês imaginam que lançam mão quando vão decidir sobre temas que afetam a todos nós? E estão lá porque nós os colocamos lá! Será que você faria um cirurgia com um médico com este perfil? Contrataria um arquiteto deste nível para fazer a sua casa? Mas tem a coragem de entregar o país em que vive a qualquer um... quando deixaremos de nos portar como Colônia?

Assista o vídeo e veja que não há exagero:
http://www.youtube. com/watch? v=DrlXPmB_ zA8


Dom Manuel Edmilson da Cruz receberia comenda de Direitos Humanos.
“Quem assim procedeu não é parlamentar, é para lamentarâ€�, disse.
(Eduardo Bresciani, Do G1, em Brasília)

Dom Manuel da Cruz durante sessão especial
no Senado Federal nesta terça-feira (21/12/10)
(Foto: J. Freitas / Agência Senado)

O Bispo de Limoeiro do Norte (CE), Dom Manuel Edmilson da Cruz, recusou nesta terça-feira (21/12/10) receber uma comenda do Senado Federal. Ele afirmou que sua atitude era para protestar contra o aumento salarial de 61,8% aprovado pelos parlamentares em causa própria. A homenagem recusada por ele é a Comenda dos Direitos Humanos Dom Helder Câmara.

A recusa do bispo foi feita em um discurso no plenário do próprio Senado. Ele criticou os parlamentares por aprovar o aumento deste montante para o próprio salário. “Quem assim procedeu não é parlamentar, é para lamentarâ€�, disse.
O religioso afirmou que a comenda que lhe foi oferecida não honra a história de Dom Helder Câmara, que teve atuação destacada na luta pelos direitos humanos durante o regime militar.

“A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Helder Câmara. Não representa. Desfigura-a, porém. Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la. Ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, à cidadã contribuinte para o bem de todos, com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalhoâ€�, afirmou o Bispo.

Dom Edmilson destacou que o aumento dado aos parlamentares deveria ter como base o reajuste que será concedido ao salário mínimo, de cerca de 6%. “O aumento a ser ajustado deveria guardar sempre a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e da aposentadoria. Isso não acontece. O que acontece, repito, é um atentado contra os direitos humanos do nosso povoâ€�.

Saiba mais:

a.. Estudantes protestam contra aumento salarial de parlamentares
O senador José Nery (PSOL-PA) disse compreender a atitude do Bispo. Entendemos o gesto, o grito, a exigência de Dom Edmilson da Cruzâ. Nery, que foi um dos três senadores a se manifestar na votação de forma contrária ao aumento, deu prosseguimento a sessão após a atitude do religioso.

Dom Manuel Edmilson da Cruz foi indicado para receber a comenda pelo senador Inácio Arruda (PC do B/CE). Além dele, foram indicados para a homenagem Dom Pedro Casaldáliga, Marcelo Freixo, Wagner de La Torre e Antônio Roberto Cardoso. Apenas este último religioso, Dom Casaldáliga, também estava presente e discursou. Ele afirmou estar incomodado com a homenagem, mas disse a ter aceitado porque” talvez, cedendo à vaidade e inconsciente do que sua aceitação representa ” ela se enquadra dentro de um contexto histórico e de um reconhecimento ao trabalho de Dom Helder Câmara.
http://g1.globo. com/politica/ noticia/2010/ 12/bispo- recusa-homenagem -do-senado- em-protesto- contra-aumento. html